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Dossier PortugalZoofilo.net - O Touro e a Tauromaquia em Portugal

Uma compilação resumida de dados e factos sobre os Touros e a Tauromaquia com incidência particular sobre a situação em Portugal.
Esperamos presentar informação que possa servir de base de informação de partida para a decisão se é pró ou anti Tauromaquia.

Anatomia de uma Tourada

Publicada por PortugalZoofilo.Net em 8 de Junho de 2011


Será que ao ver uma tourada percebemos tudo o que se está a passar com o Touro? A percepção geral é que há ali uma massa bruta a impelir continuamente  demonstrando grande tolerância à dor e provocações que derivam da actividade dos toureiros. Com este artigo procuramos explorar o que está a acontecer ao Touro durante a tourada e o que este está a sentir.


Transportar o Touro

  • O Touro é enganado e conduzido para entrar num expaço exiguo que o transportará até à arena.
  • É o momento de maior stress para o Touro por dois motivos: 1)  este é praticamente o seu primeiro contacto directo e físico com a actividade humana após anos de vida 2) O seu habitat natural são espaços amplos onde vive em manada e de repente vê-se isolado num espaço diminuto acrescido das oscilações do movimento.
  • Ao chegar ao destino é colocado nos curros durante umas horas para se acalmar e perder o stress e ansiedade causado pela viagem. Os curros são uma clara melhoria em relação à cabine ou contentor de transporte mas o Touro ressente-se ainda de ter sido retirado recentemente do seu habitat.

 

Preparar o Touro

  • Embolamento. Corresponde ao serrar de 2 a 4 cm  da ponta dos cornos a sangue frio. Chegam a demorar mais de 20 minutos. Existem terminações nervosas que tornam o processo doloroso durante a execução. O Touro está também stressado pois foi imobilizado para o efeito. Este é um acto que também afecta a noção de espaço / distância calculada do animal.
  • Sacos de Areia às costas para tirar força. *
  • Pancadas em Testículos e Rins.*
  • Dão a beber água com sulfatos para provocar diarreia para o enfraquecer e desorientar. *
  • Untam os olhos com gordura para dificultar a visão. *
  • Aplicação de substâncias tranquilizantes para tornar o Touro mais dócil. *
  • Vertem sobre as patas uma substância que produz ardor e o impede de estar quieto para abrilhantar a lide a cavalo. *

* Estas acções são consideradas batota e são rejeitadas pelo mundo taurino. No entanto é uma prática pontual sobretudo em praças de categoria inferior quando praticantes menos experientes ou amadores se sentem amedrontados pelos Touros.


Entrada na Arena

  • O Touro é conduzido dos curros para a arena.
  • Uma vez aí chegado é assolado por um conjunto de sons com os quais não está familiarizado. Os sons da multidão e da banda sonora causam desorientação uma vez que a sua capacidade auditiva é muito superior à humana.
  • As próprias massa de cores presentes na praça e multidão contribuem para a sua desorientação pois são cores que não está habituado a ver.
  • O seu instinto é a fuga entrando em maior stress quando percebe que não existe escapatória.
  • O típico comportamento de corrida e torção de cabeça em várias direcções de formas curtas e rápidas, ao contrário do que pensa a maior parte das pessas nas bancadas, não são demonstração da sua agressividade mas sim da sua desorientação e stress acumulados.

 

Picar o Touro

  • Acção em que o cavaleiro pica o touro numa zona específica da anatomia do Touro entre a nuca e o fim do pescoço.
  • O objectivo é debilitar o Touro para a lide e obrigá-lo a manter a cabeça baixa.
  • Consiste na perfuração com uma Puya, lança com uma lâmina na ponta, que pode infligir feridas até um máximo de 9 cm de comprimento e 3 cm a 6 cm de largura.
  • Dilacerando uma importante estrutura muscular da cervical dorsal, e ligamentos da nuca, do Touro é causada a perda de mais de 4 litros de sangue. O Touro fica limitado perdendo força, velocidade e sentindo dor ao tentar cornear de baixo para cima.
  • 96% dos golpes contudo não atingem a zona delineada.
  • 42% dos golpes incidem mais atrás em veias mais irrigadas, aumentando as hemorragias, danificando terminações nervosas e vértebras dorsais que afectam a capacidade locomoção.
  • 34% foram ainda mais abaixo sendo capazes de causar danos no tórax e mesmo nos pulmões diminuindo a capacidade respiratória do Touro.
  • Por cada estocada visível existe um movimento de mete e tira quase imperceptível ao olho menos treinado que multiplica o número de golpes por 7,4.
  • Por cada ferida visível do exterior existem mais 3,57 feridas interiores.
  • A média da profundidade de um golpe é de 21 cm através da habilidade dos picadores que conseguem aumentar a capacidade de perfuração apesar da muito menor dimensão da lâmina.

 

Bandarilha

  • Basicamente são arpões com 6 cm a 8 cm de profundidade que são espetadas na zona anteriormente castigada.
  • O seu objectivo é o de cravarem-se nos tecidos já fustigados e com a inércia do movimento forçar que as lesões se agravem e que as hemorragias continuem a fluir sangue para um debilitar contínuo do Touro.

 

Estocada

  • Ponto final nas touradas onde ocorre a morte do Touro.
  • A espada curvada de 80 cm deveria cravar-se num dos chamados olhos da agulha. Se certeiro acerta numa das principais artérias e a morte dá-se em poucos segundos e sem vómitos.
  • Na maioria dos casos erram e são cortados os cordões nervosos laterais à medula provocando a desconexão motora, lesão pulmonar, lesão na parte inferior do coração que faz com que o sangue aflua até sair por boca e nariz sufocando com o próprio sangue, ou lesão no diafragma provocando uma morte por asfixia. Há casos até de estocadas tão atrás que danificam fígado e estômago.

 

Descabello ou Puntilla

  • O objectivo é acabar com sofrimento de Touros que não encontraram a estocada perfeita.
  • Consiste em aplicar um golpe no primeiro espaço intervertebral para cortar a medula logo após a nuca.
  • Chegam a ser aplicadas dezenas de golpes até se conseguir o objectivo de matar o Touro para o poupar ao sofrimento.


Esta é uma versão muito resumida. Uma maior descrição, até das componentes comportamentais e bio-químicas, de um Touro durante  actividades de Tauromaquia pode ser lida nestes estudos efectuados por veterinários com todo o rigor científico.

Uma outra visão pode ser lida aqui num texto que detalha os aspectos da tourada relativamente à participação humana analisando toureiros e espectadores.









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